Blog da Leardi

Mais recursos para o financiamento habitacional

  • 24/10/2025

Novo modelo foi avaliado na Reunião de Conjuntura

O novo modelo de crédito imobiliário é positivo porque deverá liberar mais recursos para o financiamento habitacional. A avaliação foi feita por Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do FGV/Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), na Reunião de Conjuntura do SindusCon-SP, conduzida por Eduardo Zaidan, vice-presidente de Economia, com a participação de Yorki Estefan, presidente da entidade, em 22 de outubro.

No novo modelo anunciado recentemente pelo governo, após um período de transição, os financiamentos imobiliários que os bancos fizerem com LCIs e LIGs lhes permitirão utilizar o mesmo montante de recursos da Poupança para investirem no que quiserem. Os juros para financiamento imobiliário ficam limitados a 12% a.a. (ao ano). E foram liberados recursos equivalentes a 5 pontos percentuais do compulsório da Poupança que os bancos precisam recolher ao Banco Central.

Segundo Ana Castelo, com isso o novo modelo traz mais recursos para o financiamento habitacional, o que é positivo. O desafio, acrescentou, é acompanhar com transparência o funcionamento do novo modelo. E ressalvou: enquanto a taxa Selic estiver em 15%, é necessário continuar contando com os recursos do FGTS e da Poupança para o financiamento imobiliário.

Em sua apresentação, a economista mostrou os indicadores apontando uma redução do ritmo de crescimento da atividade na construção. Segundo ela, pode estar havendo uma postergação no ciclo de obras de edificações, havendo muitas unidades a serem entregues. Na infraestrutura, os investimentos sugerem a manutenção do crescimento das obras. A escassez de mão de obra continua sendo a principal dificuldade das empresas.

Por enquanto, a economista mantém a previsão de uma evolução do PIB da construção em torno de 2% para 2025, embora ela não descarte a possibilidade de uma nova revisão, para baixo. Outros economistas da FGV estimam que a construção acabará crescendo apenas 0,7% neste ano.

O crédito imobiliário caiu 12%, na comparação dos primeiros oito meses deste ano com o mesmo período do ano passado, e é muito maior no SBPE no tocante ao financiamento às pessoas jurídicas, que estariam recorrendo a recursos do mercado de capitais, mais caros. De outro lado, muitas empresas utilizam recursos próprios, lembrou Ana Castelo. Dados do Banco Central mostram que, embora haja mais recursos captados para o financiamento imobiliário, as aplicações nesta modalidade de crédito diminuíram, informou a economista.

Em relação aos custos da construção, ela disse acreditar que o INCC mantenha certa estabilidade, apesar de aumentos recentes nos preços do vergalhão de aço e no cimento.

Conjuntura

Eduardo Zaidan comentou ser surpreendente a persistência da demanda, a despeito dos juros elevados. Robson Gonçalves, professor da FGV, atribuiu o fenômeno a uma falta de educação financeira de boa parte dos agentes financeiros, que então resistem a esses juros – um fenômeno que explica a resiliência de aplicações na Poupança.

O economista comentou que a instabilidade externa amainou, mas pode ressurgir por conta da política errática do presidente Trump. No Brasil, acrescentou, o ritmo de crescimento da atividade segue desacelerando lentamente, ainda que a economia informal e a falta de educação financeira continuem, num cenário de pleno emprego.

As projeções do mercado indicam que, em 2025 e 2026, a inflação seguirá acima do centro da meta definida pelo Banco Central, o qual, por sua vez, deverá então manter os juros elevados. Ao ver de Gonçalves, o Conselho Monetário Nacional deveria rever e subir a meta, ao que o governo resiste, por temer que, ao fazê-lo, seja acusado de inflacionista. Elevar a meta para 4% a.a. permitiria uma redução da taxa de juros, uma vez que a inflação já estaria mais próxima da meta. Ele qualificou como sendo um cenário otimista a projeção do mercado financeiro de que os juros caiam para 12% no final do ano que vem.

O economista considerou grave o aumento do déficit público, um problema estrutural, o que demandaria uma reforma, que o governo não consegue realizar diante do que Fernando Henrique Cardoso já chamou na década de 90 de um “congressionalismo desorganizado”.

Análise defasada

Eduardo Zaidan manifestou sua inquietação com a análise econômica vigente que, a seu ver, estaria defasada, em função de novos fenômenos como a chamada uberização, o pleno emprego num cenário de juros elevados, e a injeção de recursos como o Bolsa Família numa camada expressiva da população que não está no regime da CLT. Ele também relatou que o SindusCon-SP está colaborando com o Banco Central na pesquisa Firmus, que olha mais para o lado real da economia.

Yorki Estefan criticou a intenção do governo de elevar os salários do funcionalismo e apontou o receio do setor da construção de que o emprego não se sustente, levando a uma redução da demanda habitacional. Gonçalves concordou com o erro que seria aumentar esses salários, mas alertou que o problema maior segue residindo nos gastos públicos obrigatórios, que engessam o Orçamento.


Fonte: Arquivos Notícias | Sinduscon-SP



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